PROTEÍNA C-REATIVA: UM BIOMARCADOR PARA O TRANSTORNO BIPOLAR
PROTEÍNA C-REATIVA: UM BIOMARCADOR PARA O TRANSTORNO BIPOLAR
O transtorno bipolar, uma condição mental complexa caracterizada por oscilações extremas de humor, tem sido objeto de pesquisas intensivas na busca por biomarcadores que auxiliem no diagnóstico e no monitoramento da doença. Entre esses biomarcadores emergentes, destaca-se a Proteína C-Reativa (PCR), um indicador de inflamação sistêmica.
A investigação da PCR como um biomarcador para o transtorno bipolar tem avançado, fornecendo insights promissores sobre sua associação com a condição. Nova pesquisa aponta para níveis elevados de PCR, biomarcador de inflamação, em pacientes com transtorno bipolar em diferentes estados de humor, com maiores níveis ocorrendo durante os períodos de mania.
Atualmente, não existem biomarcadores confiáveis para o transtorno bipolar, e o PCR surge como promessa para ajudar a definir quais pacientes se beneficiariam de tratamentos que possuem como alvo a inflamação – um dos principais objetivos da medicina de precisão.
A PCR, uma proteína produzida pelo fígado em resposta a inflamações, tem atraído a atenção da comunidade científica devido à sua relação com processos inflamatórios e imunológicos. A medição da PCR tem diversas aplicações clínicas. Ela permite a detecção precoce de processos inflamatórios, antes mesmo do aumento de febre e leucócitos. Além disso, é útil para diferenciar entre infecções virais e bacterianas, monitorar a eficácia de antibioticoterapia de forma mais ágil do que a taxa de sedimentação de sangue, distinguir entre eventos agudos e crônicos que refletem a atividade da doença, servir como marcador em doenças reumáticas inflamatórias e avaliar a resposta a medicamentos na artrite reumatoide. A PCR também desempenha um papel importante na identificação de infecção pós-transplante e infecções intrauterinas em obstetrícia, além de ser utilizada como indicador de risco para aterosclerose, resistência à insulina e síndrome metabólica. Estudos recentes têm demonstrado uma ligação entre níveis elevados de PCR e a presença do transtorno bipolar, sugerindo que a inflamação pode desempenhar um papel na fisiopatologia da doença.
Em uma meta-análise abrangendo 27 estudos com 2161 pacientes bipolares e 81.932 controles saudáveis, as concentrações de PCR foram examinadas em relação aos estágios do transtorno. Descobriu-se que os níveis de PCR eram superiores em fases depressivas (Hedges ajustada g, 0,67; p = 0,003), eutímicas (Hedges ajustada g, 0,65; p < 0,0001) e, de modo mais acentuado, em episódios maníacos (Hedges ajustada g, 0,87; P < 0,0001). Não houve correlação entre os aumentos das concentrações de PCR e a severidade dos sintomas durante episódios de mania ou depressão, embora os níveis tenham diminuído após a resolução de episódios índices de mania (p = 0,02) e depressão (P = 0,002). Além disso, a duração do transtorno bipolar não influenciou o aumento das concentrações de PCR. A análise também sugeriu que pacientes sob medicamentos para mania e depressão apresentavam níveis menores de PCR em comparação com aqueles sem medicação, destacando a possível influência benéfica de medicamentos anti-inflamatórios, como aspirina e estatinas, no tratamento de distúrbios psiquiátricos. Portanto, a PCR parece surgir como uma ferramenta relevante a ser considerada na abordagem terapêutica do transtorno bipolar.
Uma revisão sistemática de 2019 publicada na revista “Journal of Affective Disorders” destacou a PCR como um potencial biomarcador diferencial para o transtorno bipolar, com níveis significativamente mais altos em pacientes bipolares em comparação com grupos de controle saudáveis e com outros transtornos psiquiátrico. Além disso, a PCR também tem sido associada à gravidade dos sintomas e ao subtipo da doença. Em um estudo publicado no “Journal of Psychiatric Research” em 2020, os pesquisadores observaram uma correlação positiva entre níveis elevados de PCR e a gravidade dos sintomas depressivos em pacientes com transtorno bipolar.
Entretanto, apesar dos avanços promissores, mais pesquisas são necessárias para compreender completamente a relação entre a PCR e o transtorno bipolar. A complexidade da doença e dos processos inflamatórios requer estudos longitudinais e controlados mais amplos para validar a utilidade clínica da PCR como biomarcador. Além disso, a influência de outros fatores, como estilo de vida, idade e comorbidades, também deve ser considerada.
Em conclusão, a Proteína C-Reativa tem emergido como um biomarcador promissor para o transtorno bipolar devido à sua associação com a inflamação sistêmica e sua correlação com a gravidade dos sintomas. Embora o campo ainda esteja em evolução, a pesquisa sobre a PCR como biomarcador oferece uma nova perspectiva no diagnóstico e manejo do transtorno bipolar.
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Referências:
FERNANDES, B. S.; BERK, M. The emerging role of inflammation in bipolar disorder. In: CURRENT OPINION IN PSYCHIATRY, v. 31, n. 1, p. 31-38, 2018.
ROSENBLAT, J. D. et al. Inflammatory markers in bipolar disorder: A meta-analysis. In: JOURNAL OF PSYCHIATRIC RESEARCH, v. 129, p. 213-223, 2020.
ZHANG, Ximei et al. C-Reactive Protein in Bipolar Disorder and Unipolar Depression. The Journal of Nervous and Mental Disease, v. 210, n. 7, p. 510-514, 2022.