HEPATITE C: UMA ANÁLISE SOBRE DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO, PREVALÊNCIA E DESAFIOS ATUAIS
HEPATITE C: UMA ANÁLISE SOBRE DIAGNÓSTICO, PREVENÇÃO, PREVALÊNCIA E DESAFIOS ATUAIS
A Hepatite C é uma infecção viral que afeta principalmente o fígado, causada pelo vírus da hepatite C (HCV). Esta condição pode levar a problemas hepáticos graves, incluindo cirrose e câncer de fígado, sendo um importante problema de saúde pública em todo o mundo.
A hepatite C é uma doença silenciosa que afeta muitas pessoas no Brasil. Entre os anos de 1999 a 2018, foram notificados 359.673 casos de hepatite C no país. A maior prevalência de hepatite C está entre pessoas que têm idade superior a 40 anos, sendo mais frequentemente encontrada nas regiões Sul e Sudeste do país. Em 2017, estimava-se que havia 1.083.000 casos de hepatite C no Brasil, dos quais 657.000 eram casos virêmicos.
Globalmente, a prevalência da hepatite C é estimada entre 2% e 3%, o que corresponde a cerca de 123 milhões a 170 milhões de pessoas infectadas pelo vírus da hepatite C (HCV) em todo o mundo5. Em 2015, aproximadamente 1,75 milhão de pessoas foram infectadas com o HCV, elevando o número total de pessoas vivendo com hepatite C no mundo para 71 milhões.
O maior desafio para a eliminação da hepatite C, tanto no Brasil quanto no mundo, está no diagnóstico precoce da doença. Muitas pessoas estão infectadas com o HCV, mas desconhecem sua situação de saúde. No Brasil, estima-se que cerca de 450 mil pessoas precisam ser diagnosticadas e tratadas2.
O tratamento da hepatite C é feito com os chamados antivirais de ação direta (DAA), que apresentam taxas de cura de mais de 95%. No entanto, a pandemia de COVID-19 afetou o diagnóstico e o tratamento das infecções virais por hepatite B e C na América Latina e no Caribe, o que tem freado o avanço na meta de eliminar essas doenças infecciosas até 2030.
Nesse contexto, os testes imunocromatográficos rápidos para detecção do vírus do HCV desempenham um papel crucial na abordagem global da prevenção e controle da doença. Esses testes oferecem uma série de vantagens significativas que contribuem para a eficácia das estratégias de saúde pública e individual no combate à doença. A rapidez na obtenção de resultados, a acessibilidade em diversas configurações, a redução do estigma associado à doença e a integração em programas de saúde pública são alguns dos benefícios desses testes. Além disso, sua capacidade de realização em larga escala facilita a identificação precoce de casos, sendo um componente essencial das estratégias de eliminação da Hepatite C. A detecção rápida, discreta e acessível proporcionada pelos testes imunocromatográficos rápidos contribui significativamente para a promoção da saúde pública, a prevenção de complicações hepáticas graves e o alcance das metas globais de controle e eliminação da doença, conforme estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
A prevenção da Hepatite C é desafiadora devido à sua natureza viral e às diferentes formas de transmissão. A principal via de contágio é através do contato com sangue contaminado, seja por meio de compartilhamento de agulhas, procedimentos médicos não seguros ou relações sexuais desprotegidas. Estratégias de prevenção incluem o uso de práticas seguras em procedimentos médicos, programas de educação sobre o uso de drogas e o incentivo ao uso de preservativos. Além disso, a triagem de doadores de sangue é crucial para evitar a transmissão da doença por transfusão sanguínea.
A Hepatite C é uma preocupação global de saúde, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. A prevalência varia significativamente entre diferentes regiões e grupos populacionais. Em alguns casos, a transmissão ocorre de forma silenciosa, contribuindo para uma alta taxa de infecções não diagnosticadas. A população de usuários de drogas injetáveis, por exemplo, apresenta um risco aumentado de contrair o vírus. A compreensão da prevalência em diferentes grupos é essencial para direcionar políticas de saúde pública e alocar recursos adequadamente.
Apesar dos avanços na compreensão e tratamento da Hepatite C, existem desafios significativos. O acesso a testes diagnósticos e tratamentos eficazes pode ser limitado em algumas áreas, contribuindo para altas taxas de infecção não tratada. Além disso, os custos associados aos medicamentos antivirais de última geração representam um obstáculo para a acessibilidade universal ao tratamento. A estigmatização social também é um desafio, pois pode impedir que indivíduos procurem ajuda e realizem testes de detecção.
Referências:
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