CERULOPLASMINA E A RELAÇÃO COM O METABOLISMO DO COBRE E DOENÇA DE WILSON

CERULOPLASMINA E A RELAÇÃO COM O METABOLISMO DO COBRE E DOENÇA DE WILSON

A ceruloplasmina é uma proteína de transporte de cobre encontrada no sangue e desempenha um papel crucial no metabolismo do cobre no organismo. Ela é sintetizada no fígado e é responsável por ligar-se ao cobre, transportando-o para os tecidos onde é necessário. Além disso, a ceruloplasmina também atua como uma enzima antioxidante, protegendo as células contra danos oxidativos, além de desempenhar um papel na reação de fase aguda. Seu nível sérico aumenta durante a inflamação e/ou dano tecidual e em várias malignidades.

O cobre é um micronutriente essencial envolvido em uma variedade de processos biológicos, incluindo a formação de tecido conjuntivo, metabolismo energético, síntese de neurotransmissores e função imunológica. No entanto, o cobre em excesso pode ser tóxico para o organismo, portanto, seu transporte e distribuição adequados são vitais para a saúde.

A doença de Wilson é um distúrbio genético hereditário que afeta o metabolismo do cobre. Ela é causada por mutações no gene ATP7B, responsável pela síntese da proteína ATPase transportadora de cobre. Essa proteína é essencial para a excreção do cobre pelos hepatócitos (células do fígado) na bile, permitindo sua eliminação do organismo.

Nas pessoas afetadas pela doença de Wilson, a mutação no gene ATP7B resulta em uma diminuição na quantidade ou na atividade funcional da ATPase transportadora de cobre. Como resultado, o cobre acumula-se progressivamente nos tecidos, especialmente no fígado, cérebro e outros órgãos, levando a danos e disfunções progressivas.

Um dos principais marcadores bioquímicos utilizados no diagnóstico da doença de Wilson é a diminuição dos níveis de ceruloplasmina no sangue. As mutações no gene ATP7B estão associadas tanto à deficiência no acoplamento do cobre à ceruloplasmina quanto à excreção do cobre pela bile. Na doença de Wilson, a produção de ceruloplasmina não é afetada, mas a liberação da forma livre de ferro, apoceruloplasmina, resulta em hipoceruloplasminemia devido à curta meia-vida dessa proteína. Por outro lado, a incapacidade de excretar o cobre pela bile leva ao aumento da concentração de cobre livre no sangue e ao consequente acúmulo do metal nos tecidos.

No fígado, o acúmulo de cobre nos hepatócitos causa danos oxidativos devido à peroxidação de lipídios nas mitocôndrias hepáticas, bem como diminuição dos níveis de vitamina E no fígado e no sangue. Isso resulta em doença hepática, que pode se manifestar como hepatite aguda ou crônica, cirrose e insuficiência hepática fulminante.

O cobre não ligado à ceruloplasmina nos hepatócitos é liberado no sangue e se concentra principalmente em órgãos como o cérebro e os rins. No cérebro, em particular nos núcleos da base, a alta concentração de cobre causa anormalidades neurológicas e psiquiátricas, como tremores, distonia, alterações comportamentais, distúrbios de personalidade e depressão. Nos rins, o acúmulo ocorre principalmente nas células tubulares, resultando em insuficiência renal.

O diagnóstico precoce da doença de Wilson é fundamental para evitar complicações graves. Além da análise dos níveis de ceruloplasmina, outros testes bioquímicos e genéticos podem ser realizados para confirmar o diagnóstico. O tratamento da doença de Wilson envolve a administração de medicamentos quelantes de cobre, como a D-penicilamina e a trientina, que se ligam ao cobre livre e ajudam a excretá-lo pela urina.

Em resumo, a ceruloplasmina desempenha um papel fundamental no metabolismo do cobre, sendo responsável pelo seu transporte e distribuição adequados. A diminuição dos níveis de ceruloplasmina está associada à doença de Wilson, um distúrbio genético que afeta o metabolismo do cobre. O entendimento da relação entre a ceruloplasmina, o cobre e a doença de Wilson são cruciais para o diagnóstico e tratamento adequados dessa condição.

Referências:

LUTSENKO, S.; BARNES, N. L.; BARTEE, M. Y. et al. Function and Regulation of Human Copper-Transporting ATPases. Physiol Rev., v. 87, n. 3, p. 1011-1046, 2007.

MERLE, U.; SCHAEFER, M.; FERENCI, P.; STREMMEL, W. Clinical presentation, diagnosis and long-term outcome of Wilson’s disease: a cohort study. Gut, v. 56, n. 1, p. 115-120, 2007.

FERENCI, P. Diagnosis of Wilson disease. Handb Clin Neurol., v. 142, p. 123-129, 2017.

LINDER, M. C. Ceruloplasmin and Other Copper Binding Components of Blood Plasma and Their Functions: An Update. Met Ions Life Sci., v. 18, p. 389-430, 2018.

ROBERTS, E. A.; SCHILSKY, M. L. Diagnosis and treatment of Wilson disease: an update. Hepatology, v. 47, n. 6, p. 2089-2111, 2008.

DIDONATO, M.; SARKAR, B. Copper transport and its alterations in Menkes and Wilson diseases. Biochim Biophys Acta, v. 1360, n. 1, p. 3-16, 1997.

GAETKE, L. M.; CHOW, C. K. Copper toxicity, oxidative stress, and antioxidant nutrients. Toxicology, v. 189, n. 1-2, p. 147-163, 2003.

LUTSENKO, S.; PETRIS, M. J. Function and regulation of the mammalian copper-transporting ATPases: insights from biochemical and cell biological approaches. J Membr Biol, v. 191, n. 1, p. 1-12, 2003.

FAIA, Regiane et al. Metabolismo do cobre e doença de Wilson: uma Revisão. Revista Médica de Minas Gerais, v. 26, e1833, 2006.

Rua Coronel Gomes Machado, 358
Centro - Niterói - RJ
Brasil - CEP: 24020-112

+55 21 3907-2534
0800 015 1414

Rua Cristóvão Sardinha, 110
Jardim Bom Retiro - São Gonçalo - RJ
Brasil - CEP: 24722-414

+55 21 2623-1367
0800 015 1414
Grupo Biosys Kovalent | 2024

Desenvolvidopela Asterisco

Para o topo