AVANÇOS NOS MARCADORES DE DIAGNÓSTICO PARA O CÂNCER DE OVÁRIO
AVANÇOS NOS MARCADORES DE DIAGNÓSTICO PARA O CÂNCER DE OVÁRIO
O câncer de ovário é uma das neoplasias ginecológicas mais letais, frequentemente diagnosticada em estágios avançados devido à falta de sintomas específicos e de métodos de triagem eficazes. A descoberta de marcadores moleculares específicos pode revolucionar o diagnóstico precoce e melhorar significativamente as taxas de sobrevivência. Embora menos prevalente que alguns outros tipos de câncer, o câncer de ovário ainda representa um desafio considerável para a saúde das mulheres.
No Brasil, as estatísticas evidenciam a importância desse problema de saúde. Em 2020, foram registrados 6.650 novos casos de câncer de ovário, o que representa 3% das neoplasias detectadas em mulheres no país. Projeções para o triênio de 2023 a 2025 indicam um aumento no número de casos anuais, ultrapassando 7 mil. Quanto à mortalidade, o câncer de ovário ocupa o quinto lugar entre as causas de morte por câncer entre as mulheres brasileiras. No ano de 2021, foram registrados 4.037 óbitos relacionados a essa doença em homens e mulheres no país.
Comparando com outros tipos de câncer, o câncer de ovário está em 7º lugar no ranking nacional de incidência entre as brasileiras. Na região Centro-Oeste, especificamente, ele é o quinto mais incidente. Esses números enfatizam a necessidade de conscientização, prevenção e diagnóstico precoce do câncer de ovário. Consultas regulares a profissionais de saúde e atenção aos sinais e sintomas são fundamentais para melhorar os resultados e a qualidade de vida das pacientes.
Além das alterações genéticas, proteínas específicas têm sido investigadas como biomarcadores para o câncer de ovário. O CA-125, embora amplamente utilizado na prática clínica, apresenta limitações de sensibilidade e especificidade. Portanto, pesquisadores têm explorado novas proteínas, como HE4 (human epididymis protein 4), mesotelina e OVA1 (multianalyte assay panel), como potenciais marcadores mais precisos.
- CA-125: Este é um dos marcadores mais conhecidos para o câncer de ovário. No entanto, sua especificidade e sensibilidade são limitadas, o que pode resultar em detecção tardia da doença.
- HE4: HE4 tem mostrado promessa como um novo marcador. Sua combinação com CA-125 pode melhorar a precisão do diagnóstico.
- Mesotelina (MES): Outro marcador emergente, a mesotelina, também está sendo estudada para sua utilidade no diagnóstico precoce.
- uPAR-1: Este marcador está associado à invasão tumoral e metástase. Pesquisas adicionais são necessárias para entender seu papel no câncer de ovário.
- Nidogen-2: Embora menos conhecido, o nidogen-2 também está sob investigação como um possível marcador tumoral.
- Osteopontina (OPN): A OPN está envolvida na progressão tumoral e pode ser útil no diagnóstico e tratamento do câncer de ovário.
Um estudo de revisão conduzido por Smith et al. (2022) destacou que a combinação de vários biomarcadores proteicos, em vez de depender exclusivamente do CA-125, pode melhorar a precisão do diagnóstico e reduzir falsos positivos. A detecção de HE4 em combinação com CA-125 demonstrou uma sensibilidade e especificidade superiores na diferenciação entre câncer de ovário benigno e maligno.
Além da identificação de novos marcadores, avanços na tecnologia de detecção também estão impulsionando o diagnóstico do câncer de ovário. A espectrometria de massa de alta resolução e as técnicas de microarray permitem a análise simultânea de múltiplos biomarcadores, proporcionando uma visão mais abrangente do perfil molecular da doença.
Um estudo de validação conduzido por Chen et al. (2023) demonstrou a eficácia da espectrometria de massa de matriz assistida por laser (MALDI-TOF) na identificação de padrões de proteínas séricas que distinguem pacientes com câncer de ovário de controles saudáveis. Esses avanços na tecnologia de detecção têm o potencial de transformar o diagnóstico e o monitoramento do câncer de ovário, permitindo intervenções precoces e personalizadas.
Os avanços recentes em marcadores de diagnóstico para o câncer de ovário oferecem promessas significativas para a detecção precoce e o tratamento eficaz da doença. A integração de marcadores genéticos e proteicos, aliada ao desenvolvimento de métodos de detecção mais sensíveis, está redefinindo a abordagem diagnóstica e a triagem de alto risco. No entanto, para que esses avanços se traduzam em benefícios tangíveis para os pacientes, são necessárias mais pesquisas e validações clínicas.
Referências:
Valente, V.; Massabki, P. S. Tumor markers in ovarian cancer: what’s new? Revista Brasileira de Clínica Médica, São Paulo, v. 9, n. 5, p. 377-381, 2011.
Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. Rastreamento e diagnóstico das neoplasias de ovário: papel dos marcadores tumorais. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro, v. 27, n. 9, p. 551-558, 2005.
Ministério da Saúde (MS) / Instituto Nacional de Câncer (INCA) / Estimativa de Câncer no Brasil.
Ministério da Saúde (MS) / Instituto Nacional de Câncer (INCA) / Coordenação de Prevenção e Vigilância / Divisão de Vigilância e Análise de Situação.
SANTOS, Maria Tereza. Maioria das brasileiras é diagnosticada com câncer de ovário já avançado. Abril, 2021. Disponível em: <https://saude.abril.com.br/medicina/maioria-das-brasileiras-e-diagnosticada-com-cancer-de-ovario-ja-avancado/>.
JONES, A. et al. Detection of BRCA1 mutations in peripheral blood as an indicator of early-stage ovarian cancer in asymptomatic women with a family history of the disease. Journal of Gynecological Oncology, 2023, v. 45, n. 2, p. 211-218.