A COINFECÇÃO DE HIV E OUTRAS ISTS E SUAS IMPLICAÇÕES

A COINFECÇÃO DE HIV E OUTRAS ISTS E SUAS IMPLICAÇÕES

A coinfecção de HIV com outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) é uma questão crítica de saúde pública devido ao impacto sinérgico que essas condições têm na progressão da doença e na transmissão do vírus. A presença de ISTs, como sífilis, herpes genital e gonorreia, aumenta significativamente o risco de aquisição e transmissão do HIV, através de processos inflamatórios locais, facilitando a entrada do vírus no organismo. Além disso, pessoas vivendo com HIV e com ISTs frequentemente apresentam cargas virais mais altas, o que eleva o potencial de transmissão para parceiros sexuais.

Enquanto as ISTs bacterianas estão diminuindo, as ISTs virais apresentam um aumento significativo. Essa mudança no perfil epidemiológico tem implicações importantes para a coinfecção com HIV, uma vez que o vírus pode alterar a história natural e a apresentação clínica das ISTs, frequentemente resultando em manifestações atípicas. ISTs crônicas como o vírus herpes simplex-2 podem acelerar a progressão do HIV, enquanto ISTs tratáveis ​​geralmente têm efeitos transitórios. As taxas de coinfecção sífilis-HIV estão aumentando, muitas vezes levando a complicações neurológicas. A presença de ISTs, além disso, pode elevar os níveis genitais e plasmáticos de RNA do HIV-1, aumentando a transmissibilidade do vírus e contribuindo para a propagação da epidemia. Coinfecções com HIV e ISTs, especialmente sífilis, gonorreia e hepatite C, estão associadas a uma maior morbidade e mortalidade, exigindo atenção especial dos profissionais de saúde.

Embora a terapia antirretroviral (TARV) reduza efetivamente a transmissão do HIV, ISTs não detectadas podem comprometer sua eficácia. Um estudo descobriu que 18% dos jovens adultos vivendo com HIV e recebendo TAR tinham ISTs não diagnosticadas, que foram associadas a maior viremia do HIV. Do ponto de vista clínico, a coinfecção representa desafios adicionais no manejo do HIV. A TARV continua sendo fundamental para o controle do vírus, mas o tratamento concomitante de algumas ISTs, como a gonorreia, é cada vez mais complicado devido à resistência antimicrobiana emergente. Essa situação reforça a necessidade de estratégias integradas e contínuas de manejo clínico, bem como o desenvolvimento de novas terapias para combater essas infecções resistentes. O monitoramento constante e a inovação no tratamento são, portanto, essenciais para melhorar os desfechos clínicos e reduzir a transmissão do HIV e das ISTs associadas.

A coinfecção também tem implicações sociais e econômicas significativas. A prevalência de IST entre pessoas vivendo com HIV/AIDS varia, com uma mediana de 12,4% para IST confirmadas. A estigmatização associada ao HIV e às ISTs pode levar à discriminação e ao isolamento social, o que, por sua vez, reduz o acesso dos indivíduos aos serviços de saúde. A Organização Mundial da Saúde (OMS) enfatiza a importância de intervenções integradas, incluindo o uso consistente de preservativos, educação sexual abrangente e programas de vacinação, como as vacinas contra o HPV e a hepatite B, para mitigar esses impactos.

Diretrizes recentes recomendam o diagnóstico precoce e a TARV imediata para pessoas que vivem com HIV, com esforços simultâneos para integrar o rastreamento de ISTs nos serviços de saúde relacionados ao HIV. A implementação dessas medidas é crucial para reduzir a carga dessas doenças, melhorar os desfechos clínicos e promover uma abordagem mais holística e eficaz de saúde pública.

 

Referências

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