BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS NA DIFERENCIAÇÃO DE PROCESSOS INFECCIOSOS

BIOMARCADORES INFLAMATÓRIOS NA DIFERENCIAÇÃO DE PROCESSOS INFECCIOSOS

A inflamação é uma resposta biológica complexa a estímulos nocivos, como infecções bacterianas, virais ou parasitárias, além de lesões teciduais. Embora seja um mecanismo de defesa essencial para a sobrevivência, a inflamação descontrolada pode levar a danos teciduais e doenças crônicas. A identificação precoce e precisa de processos infecciosos é fundamental para o tratamento adequado, e, nesse contexto, os biomarcadores inflamatórios desempenham um papel crucial na diferenciação de processos infecciosos e na orientação de decisões clínicas em ambientes de emergência.

Os biomarcadores inflamatórios mais comuns incluem a proteína C-reativa (PCR), a procalcitonina (PCT), as citocinas (como interleucinas e fator de necrose tumoral), e outros indicadores como o leucograma. A PCT é particularmente útil para distinguir infecções bacterianas de surtos de doenças autoimunes e infecções virais, incluindo influenza. Marcadores de superfície de neutrófilos, como CD64 e CD35, podem ajudar a discriminar entre infecções bacterianas e virais ou inflamação não infecciosa. No fluido sinovial, biomarcadores como células polimorfonucleares (PMN), células mononucleares (MNP), contagem de glóbulos brancos (WBC), PCR e peptídeos neutrófilos humanos 1-3 (HNP1-3) mostram excelente desempenho diagnóstico para identificar processos inflamatórios.

A PCR é um dos marcadores mais amplamente estudados e utilizados clinicamente. Produzida pelo fígado em resposta à inflamação, seus níveis aumentam significativamente em infecções bacterianas graves. Estudos têm demonstrado que, embora a PCR possa ser elevada em uma variedade de condições inflamatórias, incluindo infecções virais, seus níveis são substancialmente maiores em infecções bacterianas severas, tornando-a um indicador útil na diferenciação entre esses dois tipos de infecções.

A procalcitonina (PCT), um precursor da calcitonina, é outro biomarcador comumente utilizado para diferenciar infecções bacterianas de virais. Em condições normais, os níveis de PCT no sangue são baixos, mas aumentam significativamente em resposta a infecções bacterianas, especialmente em casos de sepse. Vários estudos sugerem que a PCT é um biomarcador mais específico do que a PCR para infecções bacterianas, já que suas concentrações tendem a permanecer baixas em infecções virais. Além disso, a PCT tem sido amplamente utilizada para guiar o uso de antibióticos, ajudando a evitar a prescrição desnecessária em casos de infecções virais.

Outro grupo importante de biomarcadores inflamatórios são as citocinas, moléculas sinalizadoras envolvidas na mediação e regulação da resposta imune. Citocinas como a interleucina-6 (IL-6), interleucina-8 (IL-8) e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) são frequentemente elevadas durante infecções bacterianas e virais, mas suas concentrações e padrões de expressão podem variar dependendo do patógeno envolvido. Estudos mostram que, em infecções bacterianas graves, os níveis de IL-6 tendem a ser muito mais altos do que em infecções virais, sendo assim um possível indicador diferencial.

Além disso, o leucograma, que avalia a contagem de leucócitos no sangue, continua a ser uma ferramenta essencial no contexto clínico. A leucocitose é frequentemente associada a infecções bacterianas, enquanto a pode ser indicativa de infecções virais. O desvio à esquerda no leucograma, caracterizado por um aumento de formas imaturas de neutrófilos, é outro sinal sugestivo de infecção bacteriana.

Embora nenhum biomarcador seja infalível, a combinação de múltiplos marcadores pode aumentar a precisão do diagnóstico e informar decisões de tratamento, especialmente em departamentos de emergência, onde o reconhecimento precoce de infecções graves é fundamental. Estudos indicam que o uso conjunto de PCR, PCT e citocinas, como IL-6, além da análise do leucograma, aumenta a capacidade de diferenciar entre processos infecciosos bacterianos e virais, ajudando os médicos a decidir o tratamento mais apropriado e a reduzir o uso inadequado de antibióticos, um fator crucial no combate à resistência antimicrobiana.

 

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