HIPERTENSÃO ARTERIAL E A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

HIPERTENSÃO ARTERIAL E A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é definida como a elevação sustentada dos níveis pressóricos acima de 140/90 mmHg em ambiente clínico, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC). Trata-se de uma condição prevalente que acomete cerca de 30% da população adulta mundial, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS). Devido ao seu caráter assintomático nas fases iniciais, a hipertensão é frequentemente diagnosticada apenas após o surgimento de complicações cardiovasculares. O diagnóstico precoce da HAS é, portanto, fundamental para interromper o curso natural da doença, evitando complicações e reduzindo a mortalidade. Apesar dos avanços no conhecimento da doença, a taxa de controle da pressão arterial ainda é insatisfatória, o que reforça a necessidade de estratégias de rastreamento e de educação em saúde.

A hipertensão é uma condição clínica multifatorial, resultante de interações complexas entre fatores genéticos e ambientais. Entre os principais fatores de risco, destacam-se idade avançada, obesidade, sedentarismo, consumo excessivo de sal e álcool, além de fatores socioeconômicos. De acordo com a WHO (2021), cerca de 1,28 bilhão de adultos entre 30 e 79 anos são hipertensos, sendo que dois terços vivem em países de baixa e média renda. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Saúde (IBGE, 2020) apontou uma prevalência de hipertensão autorreferida de 23,9%, aumentando com a idade.

O diagnóstico precoce da hipertensão é crucial, pois permite o início oportuno de intervenções que podem reduzir significativamente o risco de eventos cardiovasculares. A detecção precoce possibilita a implementação de mudanças no estilo de vida e, quando necessário, a introdução de terapia farmacológica, prevenindo a progressão para formas graves da doença e suas complicações. Estudos demonstram que o controle rigoroso da pressão arterial reduz o risco de acidente vascular cerebral em até 35–40% e de infarto do miocárdio em cerca de 20–25%.

Além da aferição da pressão arterial, a avaliação laboratorial, incluindo o exame do perfil lipídico, é fundamental no manejo inicial da hipertensão. A hipertensão frequentemente se associa a dislipidemias, como hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, que aumentam o risco de aterosclerose e eventos cardiovasculares. A análise do perfil lipídico, que abrange medidas de colesterol total, LDL-c, HDL-c e triglicerídeos, permite a estratificação do risco cardiovascular global do paciente e orienta intervenções específicas. De acordo com as diretrizes atuais da American College of Cardiology (ACC) e da American Heart Association (AHA), o rastreamento lipídico deve ser realizado periodicamente em adultos hipertensos, especialmente naqueles com outros fatores de risco metabólicos.

A aferição da pressão arterial deve ser realizada de maneira padronizada, em diferentes ocasiões, preferencialmente em consultas de rotina. Métodos como a monitorização ambulatorial da pressão arterial e a monitorização residencial são ferramentas recomendadas para confirmar o diagnóstico e identificar casos de hipertensão mascarada ou do avental branco. A diretriz da AHA também enfatiza a necessidade de rastrear hipertensão em todas as consultas médicas a partir dos 18 anos de idade.

Diversos fatores dificultam a detecção precoce da hipertensão, incluindo o caráter assintomático da doença, a falta de acesso aos serviços de saúde, baixa adesão à medição regular da pressão arterial e desconhecimento da população sobre a importância do controle pressórico.

A hipertensão arterial continua sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo, com sérias implicações para a saúde cardiovascular. O diagnóstico precoce da doença é essencial para o manejo eficaz e a prevenção de complicações graves. O monitoramento regular da pressão arterial, aliado a intervenções farmacológicas e mudanças no estilo de vida, representa a estratégia mais eficaz para controlar a hipertensão e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Com o avanço das tecnologias e a disseminação de práticas de cuidado contínuo, como o monitoramento domiciliar, a detecção precoce se tornará cada vez mais acessível e eficiente.

 

Referências

CARRETERO, O. A.; OPARIL, S. Essential hypertension. Part I: Definition and etiology. Circulation, v. 101, n. 3, p. 329-335, 2000.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Pesquisa Nacional de Saúde 2019: percepção do estado de saúde, estilos de vida, doenças crônicas e saúde bucal. Rio de Janeiro: IBGE, 2020.

LAWES, C. M. M.; VANDER HOORN, S.; RODGERS, A. Global burden of blood-pressure-related disease, 2001. The Lancet, v. 371, n. 9623, p. 1513-1518, 2008.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (WHO). Hypertension. 2021. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/hypertension. Acesso em: 20 abr. 2025.

PEREIRA, M.; LUNET, N.; AZEVEDO, A.; BARROS, H. Differences in prevalence, awareness, treatment and control of hypertension between developing and developed countries. Journal of Hypertension, v. 27, n. 5, p. 963-975, 2009.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA (SBC). Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial – 2020. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 116, n. 3, p. 516-658, 2021.

WILSON, J. M. G.; JUNGNER, G. Principles and practice of screening for disease. Geneva: World Health Organization, 1968.

WILLIAMS, B. et al. 2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension. European Heart Journal, v. 39, n. 33, p. 3021–3104, 2018.

AMERICAN HEART ASSOCIATION (AHA). Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults, 2017.

GRUNDY, S. M. et al. 2018 AHA/ ACC/ AACVPR/ AAPA/ ABC/ ACPM/ ADA/ AGS/ APhA/ ASPC/ NLA/ PCNA guideline on the management of blood cholesterol: a report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Circulation, v. 139, n. 25, p. e1082–e1143, 2019.

Rua Coronel Gomes Machado, 358
Centro - Niterói - RJ
Brasil - CEP: 24020-112

+55 21 3907-2534
0800 015 1414

Rua Cristóvão Sardinha, 110
Jardim Bom Retiro - São Gonçalo - RJ
Brasil - CEP: 24722-414

+55 21 2623-1367
0800 015 1414
Grupo Biosys Kovalent | 2025

Desenvolvidopela Asterisco

Para o topo