O PAPEL DO IGRA NA DETECÇÃO DA TUBERCULOSE LATENTE

O PAPEL DO IGRA NA DETECÇÃO DA TUBERCULOSE LATENTE

A tuberculose (TB) continua sendo um importante problema de saúde pública global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente um quarto da população mundial esteja infectada de forma latente pelo Mycobacterium tuberculosis. A detecção precoce e precisa da infecção latente por tuberculose (LTBI) é fundamental para o controle da doença e prevenção da progressão para a forma ativa.

​Até 2024, a tuberculose continua sendo um desafio significativo para a saúde pública no Brasil. De acordo com o Boletim Epidemiológico de 2024, o país registrou uma taxa de incidência de 32,4 casos por 100 mil habitantes, totalizando 68.271 casos novos da doença. Além disso, foram notificadas 4.534 mortes por tuberculose no mesmo período, resultando em uma taxa de mortalidade de 2,1 óbitos por 100 mil habitantes. Esses dados evidenciam a necessidade contínua de estratégias eficazes de prevenção, diagnóstico e tratamento da tuberculose no país. ​

O Teste de Liberação de Interferon-Gama (Interferon-Gamma Release Assay – IGRA) surgiu como uma alternativa ao tradicional teste tuberculínico (PPD), oferecendo vantagens em termos de especificidade, especialmente em indivíduos vacinados com BCG. O IGRA baseia-se na quantificação da liberação de interferon-gama por linfócitos T sensibilizados, em resposta a antígenos específicos do M. tuberculosis, como ESAT-6 e CFP-10, que não estão presentes no BCG nem na maioria das micobactérias não tuberculosas.

Em comparação ao PPD, o IGRA apresenta maior especificidade e é menos influenciado por infecções prévias por micobactérias ambientais ou pela vacinação com BCG. Além disso, não requer retorno do paciente para leitura, como no caso do PPD, o que representa uma vantagem logística significativa.

A OMS recomenda o uso do IGRA como ferramenta diagnóstica complementar ao PPD, especialmente em países de alta renda, onde a prevalência de BCG é elevada e os recursos laboratoriais permitem sua implementação. No Brasil, o uso do IGRA tem sido incorporado progressivamente em grupos de risco, como contatos domiciliares de casos ativos, profissionais de saúde e pacientes com comorbidades imunossupressoras.

O IGRA representa um avanço importante na detecção da tuberculose latente, oferecendo maior especificidade e praticidade em comparação ao PPD. Sua utilização, quando possível, contribui para uma melhor estratificação do risco e para intervenções mais direcionadas no controle da tuberculose.

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