EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE COBRE E ZINCO SOBRE O SISTEMA IMUNE

EFEITOS DA DEFICIÊNCIA DE COBRE E ZINCO SOBRE O SISTEMA IMUNE
A deficiência de micronutrientes essenciais, como o cobre e o zinco, tem implicações significativas na função do sistema imunológico, aumentando a suscetibilidade a infecções. Ambos os minerais desempenham papéis cruciais na manutenção da integridade e eficácia das respostas imunes inatas e adaptativas e atuam como cofatores para enzimas envolvidas nas respostas imunes e são cruciais para a maturação do tecido linfoide.
O zinco é um oligoelemento vital para o desenvolvimento e função das células imunológicas. A deficiência de zinco pode levar a uma atrofia significativa do timo, linfopenia e comprometimento das respostas imunes mediadas por células e por anticorpos, resultando em maior susceptibilidade a infecções. Estudos em modelos animais demonstraram que a deficiência de zinco causa uma redução de 50% nos leucócitos e uma diminuição de 40% a 70% nas respostas imunes mediadas por anticorpos e células. Além disso, a deficiência de zinco afeta a produção, maturação e função dos linfócitos, bem como a comunicação intercelular via citocinas.
Em humanos, a deficiência de zinco está associada a uma série de disfunções imunológicas. Pacientes com acrodermatite enteropática, uma desordem genética, apresentam manifestações graves de deficiência de zinco, incluindo disfunções imunológicas mediadas por células. Além disso, mesmo uma deficiência leve de zinco pode resultar em redução da atividade das células natural killer (NK), produção diminuída de interleucina-2 (IL-2) e atividade tímica reduzida.
O cobre é outro micronutriente essencial que influencia a função imunológica. A deficiência de cobre resulta em uma diminuição das funções imunes humorais e mediadas por células, bem como da imunidade não específica. Estudos em modelos animais indicam que a deficiência de cobre está correlacionada com uma maior incidência de infecções e taxas de mortalidade mais elevadas. Em humanos, a deficiência severa de cobre está associada à redução do número de neutrófilos no sangue periférico. Além disso, a capacidade dos neutrófilos de gerar ânion superóxido e matar microrganismos ingeridos é reduzida tanto em deficiências severas quanto marginais de cobre.
Pesquisas recentes sugerem que o organismo pode utilizar a intoxicação por cobre e zinco como um mecanismo de defesa contra patógenos intracelulares. No entanto, é fundamental manter um equilíbrio adequado entre esses dois minerais, já que a suplementação excessiva de zinco pode interferir na absorção de cobre, potencialmente levando à deficiência desse nutriente. Garantir esse equilíbrio é essencial para o bom funcionamento do sistema imunológico.
A manutenção de níveis adequados de cobre e zinco é fundamental para a integridade e eficácia do sistema imunológico. A deficiência de qualquer um desses minerais pode resultar em disfunções imunológicas significativas, aumentando a susceptibilidade a infecções e outras complicações de saúde. Portanto, é essencial garantir uma ingestão dietética equilibrada desses micronutrientes para promover uma resposta imunológica saudável.
Referências
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