MONITORAMENTO BIOQUÍMICO COMO FERRAMENTA PARA PREVENÇÃO DE LESÕES E OTIMIZAÇÃO DO DESEMPENHO EM ATLETAS

MONITORAMENTO BIOQUÍMICO COMO FERRAMENTA PARA PREVENÇÃO DE LESÕES E OTIMIZAÇÃO DO DESEMPENHO EM ATLETAS

A dosagem adequada e o monitoramento contínuo de diversos parâmetros fisiológicos e biomarcadores são fundamentais para a prevenção de lesões e a otimização do desempenho atlético. A integração de tecnologias avançadas no acompanhamento de atletas tem proporcionado informações valiosas, permitindo ajustes precisos nos programas de treinamento e estratégias de recuperação.

O monitoramento da carga de treino é uma prática essencial que envolve a avaliação sistemática da intensidade, volume e frequência dos exercícios realizados. Essa abordagem permite um controle mais eficaz sobre a evolução do treinamento, garantindo que o atleta esteja treinando dentro de uma zona de estresse ideal, onde os benefícios do treinamento são maximizados sem sobrecarregar o corpo. Além disso, o monitoramento contínuo ajuda a identificar padrões de fadiga e recuperação, cruciais para a periodização do treinamento e a prevenção de lesões musculares e articulares.

A tecnologia vestível, como monitores de frequência cardíaca, sensores de movimento e roupas inteligentes equipadas com sensores, tem revolucionado o modo como atletas acompanham seu desempenho e bem-estar. Esses dispositivos oferecem dados precisos e em tempo real sobre diversos parâmetros de saúde, como frequência cardíaca, níveis de oxigênio no sangue, qualidade do sono e atividade muscular. A precisão dessas informações é crucial para otimizar a performance atlética e reduzir o risco de lesões, permitindo ajustes imediatos nas atividades e estratégias de recuperação personalizadas.

Além desses, o acompanhamento da resposta fisiológica ao treinamento é essencial para otimizar o desempenho atlético e prevenir lesões. A dosagem de biomarcadores como creatina quinase (CK), lactato desidrogenase (LDH), proteína C reativa ultrassensível (PCR-us), cortisol e a avaliação do estado de hidratação fornecem informações objetivas sobre o impacto do exercício no organismo. O uso desses parâmetros permite ajustes individualizados na carga de treinamento, promovendo adaptações benéficas e reduzindo o risco de sobrecarga.

A CK é um marcador de dano muscular amplamente utilizado na avaliação do impacto do treinamento. Seus níveis aumentam significativamente após exercícios excêntricos ou de alta intensidade, refletindo a ruptura da membrana celular das fibras musculares. Estudos mostram que a CK sérica pode permanecer elevada por vários dias após esforços intensos, sendo um indicador útil para monitorar a recuperação e evitar treinamento excessivo.

O LDH por sua vez, está envolvido no metabolismo anaeróbico e também reflete danos musculares. A elevação persistente de LDH no sangue pode indicar estresse tecidual prolongado e recuperação inadequada. De acordo com Brancaccio, Maffulli & Limongelli (2007), a análise conjunta de CK e LDH auxilia na identificação de processos de lesão muscular e na modulação do volume e intensidade dos treinos.

A proteína C reativa ultrassensível (PCR-hs) é um marcador sensível de inflamação sistêmica. O treinamento de alta intensidade pode levar a aumentos transitórios nos níveis de PCR-hs, indicando resposta inflamatória ao exercício. Entretanto, concentrações persistentemente elevadas podem sugerir uma carga excessiva de treinamento e insuficiência na recuperação. Pepys & Hirschfield (2003) ressaltam que a PCR-hs pode ser um indicativo precoce de overtraining, permitindo intervenções para evitar fadiga crônica e redução de desempenho.

O cortisol, conhecido como hormônio do estresse, regula o metabolismo energético e a resposta inflamatória. Seus níveis aumentam em resposta ao exercício intenso, promovendo a mobilização de substratos energéticos. No entanto, concentrações elevadas cronicamente estão associadas à degradação proteica, fadiga e supressão da imunidade. A pesquisa de Duclos et al. (1998) sugere que a monitorização do cortisol auxilia no equilíbrio entre treinamento e recuperação, prevenindo estados de catabolismo excessivo.

A avaliação do estado de hidratação é outro aspecto crítico para o desempenho esportivo. A desidratação prejudica a termorregulação, reduz o volume plasmático e compromete a capacidade aeróbica. Sawka & Noakes (2007) demonstram que a osmolaridade é um dos métodos eficazes para monitorar a hidratação, permitindo intervenções precoces para evitar quedas de rendimento e riscos à saúde.

Parâmetro Resposta ao Treinamento Significado Clínico
Cortisol Aumenta com treinamento de alta intensidade Indicador de estresse fisiológico
Testosterona Pode diminuir com volumes elevados de treinamento Reflete o estado anabólico
Creatina Quinase (CK) Aumenta com dano muscular Indicador de estresse muscular e risco de lesão
Ureia Aumenta com treinamento de alta intensidade Indicador de catabolismo proteico e estresse do treinamento
Imunoglobulina A (IgA) Pode diminuir com treinamento intenso Marcador da imunidade mucosal
Lactato Desidrogenase (LDH) Aumenta com dano muscular Indicador de estresse muscular
Proteína C Reativa (PCR) Pode aumentar com inflamação Marcador de inflamação sistêmica

Tabela 1: Tabela de Parâmetros Bioquímicos e Respostas ao Treinamento

A integração dessas análises bioquímicas permite um controle mais preciso do impacto do treinamento no organismo, auxiliando treinadores e profissionais da saúde a ajustar estratégias de periodização e recuperação. A individualização do treinamento, baseada em dados fisiológicos concretos, pode maximizar o desempenho esportivo e reduzir a incidência de lesões, garantindo maior longevidade na carreira dos atletas.

 

REFERÊNCIAS:

CLARKSON, P. M.; HUBAL, M. J. Exercise-induced muscle damage in humans. American Journal of Physical Medicine & Rehabilitation, v. 81, n. 11, p. S52-S69, 2002.

NOSAKA, K.; NEWTON, M. Repeated eccentric exercise bouts do not exacerbate muscle damage and repair. Journal of Strength and Conditioning Research, v. 16, n. 1, p. 117-122, 2002.

BRANCACCIO, P.; MAFFULLI, N.; LIMONGELLI, F. M. Creatine kinase monitoring in sport medicine. British Medical Bulletin, v. 81-82, n. 1, p. 209-230, 2007.

PEPYS, M. B.; HIRSCHFIELD, G. M. C-reactive protein: a critical update. Journal of Clinical Investigation, v. 111, n. 12, p. 1805-1812, 2003.

DUCLOS, M. et al. Corticotroph axis sensitivity after exercise in endurance-trained athletes. Clinical Endocrinology, v. 48, n. 4, p. 493-501, 1998.

SAWKA, M. N.; NOAKES, T. D. Does dehydration impair exercise performance? Medicine & Science in Sports & Exercise, v. 39, n. 8, p. 1209-1217, 2007.

O QUE É MONITORAMENTO DA CARGA DE TREINO? Laboratório Goés. Disponível em: https://laboratoriogoes.com.br/glossario/o-que-e-monitoramento-da-carga-de-treino/.

TECNOLOGIA DE PONTA EM MONITORES DE SAÚDE PARA ATLETAS. TecnoHub, 2024. Disponível em: https://tecnohub.tec.br/tecnologia-de-ponta-em-monitores-de-saude-para-atletas/.

FALCÃO, BRUNO. Tecnologia wearable na medicina esportiva: potencialidades e desafios. SciencePlay, 2024. Disponível em: https://www.scienceplay.com/post/tecnologia-wearable-na-medicina-esportiva-potencialidades-e-desafios.

FILAIRE, Edith; LAC, Géarard; PEQUIGNOT, Jean-Marc. Biological, hormonal, and psychological parameters in professional soccer players throughout a competitive season. Perceptual and Motor Skills, v. 97, n. 3_suppl, p. 1061-1072, 2003.

SPRINGHAM, Matthew et al. Selected immunoendocrine measures for monitoring responses to training and match load in professional association football: A Review of the evidence. International journal of sports physiology and performance, v. 17, n. 12, p. 1654-1663, 2022.

COPPALLE, Sullivan et al. Relationship of pre-season training load with in-season biochemical markers, injuries and performance in professional soccer players. Frontiers in physiology, v. 10, p. 409, 2019.

HARTMANN, Ulrich; MESTER, Joachim. Training and overtraining markers in selected sport events. Medicine and science in sports and exercise, v. 32, n. 1, p. 209-215, 2000.

Rua Coronel Gomes Machado, 358
Centro - Niterói - RJ
Brasil - CEP: 24020-112

+55 21 3907-2534
0800 015 1414

Rua Cristóvão Sardinha, 110
Jardim Bom Retiro - São Gonçalo - RJ
Brasil - CEP: 24722-414

+55 21 2623-1367
0800 015 1414
Grupo Biosys Kovalent | 2025

Desenvolvidopela Asterisco

Para o topo