O PAPEL DA HEMOGLOBINA GLICADA (HBA1C) NO CONTROLE GLICÊMICO E DIAGNÓSTICO DO DIABETE

O PAPEL DA HEMOGLOBINA GLICADA (HBA1C) NO CONTROLE GLICÊMICO E DIAGNÓSTICO DO DIABETE

A hemoglobina glicada (HbA1c) surgiu como uma ferramenta valiosa para diagnosticar e monitorar diabetes mellitus. Ela fornece uma medida confiável de hiperglicemia crônica nos 2-3 meses anteriores e se correlaciona bem com o risco de complicações de diabetes a longo prazo.

A prevalência do diabetes no Brasil é alarmante, com aproximadamente 1 em cada 10 adultos diagnosticados com a doença; em 2021, mais de 15 milhões de adultos foram afetados. O crescimento desse quadro é significativo, já que em 2011 o número de pessoas diagnosticadas era de 12,4 milhões, e em 2021 subiu para 15,7 milhões. Projeções indicam que até 2030, o Brasil poderá ter cerca de 19,2 milhões de pessoas com diabetes, com a estimativa de que esse número chegue a 23,2 milhões em 2045. Além disso, os custos de saúde relacionados ao diabetes são alarmantes, alcançando 42,9 bilhões de dólares em 2021, o que coloca o Brasil como o terceiro país com os maiores gastos nessa área.

A HbA1c desempenha um papel crucial no controle glicêmico e no diagnóstico do diabetes, sendo amplamente utilizada como uma ferramenta clínica para monitorar a glicemia de longo prazo. A HbA1c resulta da ligação não enzimática da glicose à hemoglobina presente nos eritrócitos, refletindo a média da glicose sanguínea nos últimos dois a três meses, que é o tempo de vida médio das hemácias. O teste de HbA1c oferece vantagens logísticas sobre os testes tradicionais de glicose, permitindo triagem oportunista sem requisitos de jejum.

O uso da HbA1c como critério diagnóstico para diabetes foi formalmente recomendado pela American Diabetes Association (ADA) em 2010. De acordo com a ADA, valores de HbA1c iguais ou superiores a 6,5% são indicativos de diabetes, enquanto níveis entre 5,7% e 6,4% são considerados pré-diabetes. Essa recomendação se baseia em estudos que demonstram uma correlação robusta entre níveis elevados de HbA1c e o risco de complicações micro e macrovasculares, como retinopatia diabética, nefropatia e doenças cardiovasculares. A HbA1c possui alta reprodutibilidade e não é afetada por variações agudas da glicemia, tornando-se uma ferramenta confiável para avaliar o controle glicêmico em pacientes já diagnosticados com diabetes.

Diversos estudos clínicos, como o Diabetes Control and Complications Trial (DCCT) e o United Kingdom Prospective Diabetes Study (UKPDS), demonstraram que a redução dos níveis de HbA1c está associada à diminuição do risco de complicações crônicas, como retinopatia, nefropatia e neuropatia. A manutenção de níveis de HbA1c abaixo de 7% é frequentemente recomendada para a maioria dos pacientes com diabetes, a fim de minimizar o risco dessas complicações, embora o alvo terapêutico deva ser individualizado com base em fatores como idade, duração da doença e presença de comorbidades.

Além disso, estudos mostram que a HbA1c possui maior sensibilidade diagnóstica em comparação com testes de glicemia plasmática em jejum e tolerância oral à glicose. No entanto, combinar a HbA1c com outros marcadores glicêmicos pode aumentar a precisão do diagnóstico e fornecer informações mais abrangentes para a elaboração de planos de tratamento eficazes. Hoje, a HbA1c continua sendo um biomarcador crucial para o diagnóstico e prognóstico do diabetes.

 

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